Entrevista do diretor Guto Aeraphe para o site Portal Plus TV

Trecho da entrevista do diretor Guto Aeraphe para o site Portal Plus TV


1) Como é o trabalhar webséries dentro de uma narrativa transmídia?

Bem, primeiro vamos entender o que é essa tal “narrativa transmídia”. Dentro de uma definição simples, nada mais é do que um enredo que utiliza diversas plataformas para contar partes de uma mesma história. É preciso frisar que não é uma versão ou adaptação, ao contrário, são histórias independentes que convivem sem conflitos, se completando. E, na minha opinião, não há terreno mais propício para ela do que a internet, ainda mais porque o vídeo em forma seriada é uma herança da TV que caiu no gosto dos internautas.

Originalmente, a websérie Heróis foi concebida para ser um média-metragem. Mas, depois de uma breve pesquisa de mercado, percebemos que levar o filme para as telonas era praticamente impossível e são poucos os festivais que aceitam este formato. Resultado… seria mais um filme enfeitando as prateleiras! A internet acabou sendo uma escolha natural. Neste ambiente não dependemos de nenhuma distribuidora, não temos que nos submeter a nenhum tipo de “QI”, nada disso.

Apesar de ser um filme sobre a segunda guerra, uma temática que agrada uma grande parcela do público, tínhamos um grande problema: o público brasileiro, principalmente o mais jovem, praticamente desconhece a participação do Brasil na segunda guerra. Aí vem o grande trunfo da narrativa transmídia: mostrei o projeto para um grande grupo de mídia de Minas Gerais, que juntou um jornal impresso de grande circulação e impacto, uma TV aberta e um portal de internet para veicular matérias distintas em cada meio sobre o tema “segunda guerra”, como, por exemplo, a dura vida dos pracinhas ou o valor do museus na preservação da memória… E no final de cada matéria, havia a chamada para o filme que estava hospedado no portal. Desta forma, nós conseguimos fazer com que o espectador tivesse uma experiência que vai além da simples exibição do filme.

Deu tão certo que, apesar de terem sido previstas 5 matérias no jornal impresso, uma para cada capítulo, acabou havendo 9 matérias, sem contar as inúmeras cartas que chegaram à redação de leitores relatando histórias pessoais de pais e avós que estiveram no conflito.

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